Pe. Ricardo Rubens
No entanto, o brilho das luzes parece muitas vezes ofuscar os olhos e distraí-los da Luz opaca do Presépio que só é alcançada pela contemplação da fé que se deixa alcançar por uma luminosidade interior que se esconde atrás da simplicidade da Sagrada Família. Enquanto as luzes superficiais e difusas dos enfeites natalinos encantam os olhos, a encarnação de Jesus retratada no presépio é procurada por corações de almas desejosas de Deus. È no repouso do menino Jesus no presépio que repousa o coração inquieto do ser humano e NELE encontra a paz. Como dizia Santo Agostinho: O coração do Homem está inquieto até que repouse em Deus.
O troca-troca de presentes não consegue mais apontar para a troca de dons entre o céu e a terra, pois se perde numa fraternidade efêmera alimentada por um consumismo materialista de uma cultura relativista e superficial. Bem diferente da troca de dons entre Deus e o Homem com a encarnação de Jesus, que estabelece um vínculo único e eterno por livre, espontânea e gratuita iniciativa de Deus. Muito mais que as luzes, a árvore e a troca superficial de presentes, o presépio nos mostra de maneira genuína o espírito do Natal. O Príncipe da Paz se estabelece em nosso meio de maneira surpreendente; na simplicidade de uma manjedoura. Eis “o Sol nascente que nos veio visitar, Lá do Alto como Luz resplandecente, a Iluminar a quantos Jazem entre as trevas e na sombra da morte estão sentados”. A Luz é o próprio Jesus e ELE é a nossa Paz. Por Ele a vida é iluminada e nEle os corações inquietos repousam em Paz. Enquanto os enfeites natalinos nos distraem , a contemplação do Presépio realiza o contrário, nos unifica e nos integra interiormente por sermos alcançados de maneira mistérica e silenciosa pela graça própria da encarnação.
O presépio se torna hoje uma profecia silenciosa para uma sociedade de valores confusos e contraditórios. Ao contemplarmos o menino Jesus na manjedoura podemos lembrar de tantos que são ameaçados pelo aborto ou de mães que não tem uma assistência digna na hora do parto. Ao vermos José e Maria ao lado do Menino podemos refletir a importância da família e do princípio da maternidade e da paternidade como valor para a pessoa humana. Poderíamos ainda lembrar de tantos que ainda não têm teto e vivem no sub-mundo da sociedade.
Pe. Ricardo Rubens é Filósofo, Teólogo e escreve para o blog http://gnose-fidesetlux.blogspot.com/
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