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domingo, 22 de agosto de 2010

Artigo

UMA QUESTÃO DE LÓGICA OU DE GRAMÁTICA?

Apesar de ser “estrangeiro”, desde que cheguei aqui, caprichei para tentar falar corretamente o idioma do Brasil.

Mas, tem uma regra intrigante da gramática portuguesa, à qual eu desobedeço declaradamente, não por desconhecimento da mesma, mas por uma insubordinação consciente e arrazoada.

A questão intrigante é a que se refere às séries de Papas e Monarcas.

A regra em questão prevê que quando o numeral ordinal segue o substantivo, referido a Papas, Soberanos, Capítulos ou partes em que se divide uma obra, do décimo em diante, passa-se a utilizar o numeral cardinal.

Por que, apesar de se tratar de um conjunto homogêneo em uma seqüência numérica contínua, bem comportada, sem solução de continuidade, improvisamente, sem aviso prévio, anarquicamente, por exemplo, depois do Santo Pio X, vem mais um Pio que, não entendo por qual alquimia misteriosa – mas é a gramática que manda – não se chamará, como seria de esperar pela lógica, Pio XI (décimo primeiro), mas Pio 11 (onze).

Ou seja uma série, uma seqüência feita de números ORDINAIS, obedientes até a décima posição, improvisamente, por uma súbita rebeldia gramatical, por uma insubordinação autorizada, da própria gramática, com sua autoridade indiscutível (ou autoritarismo?), por uma mutação genética inexplicável, ela manda transformar a essência estrutural da série e ordena que o número ORDINAL se transforme em CARDINAL.

Normalmente a gramática segue a lógica.

Mas por que neste caso a gramática preferiu fazer uma regra que afronta frontalmente a razão?

Passar de “décimo” para “onze” significa usar da engenharia transgênica para transformar batata em tomate quando passar de 10 unidades, pois que o numeral ORDINAL, que indica ordem ou série, na mesma série, vira NÚMERO CARDINAL, que designa quantidade absoluta, ou seja, sofre uma transmutação ontológica exatamente ao chegar ao fatídico número 10!

Mas como num delito quase perfeito, ainda ficou um indício, um rastro que trai o criminoso, porque a série continua preservando a maneira típica de escrever o número ordinal (em algarismo romano que se convencionou usar justamente para os números ordinais).

Eu bem sei qual é a regra!

Mas procuro alguém entendido que me explique a RAZÃO, o por quê, o motivo dela.

E enquanto não aparece uma explicação convincente e lógica para esta regra eu continuo preferindo contradizer a gramática, amparado pela lógica, continuo falando “errado” pela gramática, mas certo pela lógica!

Afinal, minha promessa de obediência foi ao Papa Bento XVI (décimo-sexto), e não à Gramática, com todo respeito por ela também!


padre Walter Collini.

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