ARTIGOS

domingo, 13 de junho de 2010

História

PADRE MOTA NA RESISTÊNCIA AO BANDO DE LAMPIÃO

O dia 13 de junho em Mossoró é histórico por causa da resistência do povo mossoroense ao ataque do bando de Lampião. O episódio de 13 de junho de 1827 é sem duvida motivo de orgulho para Mossoró.

Na pessoa do Monsenhor Mota, o blog da Paróquia de Santa Luzia presta sua homenagem a todos que resistiram aquele ataque; nossos “Heróis da resistência”.

O livro de Tombo da Paróquia de Santa Luzia (4º Livro, p. 23 a 25), registra este acontecimento e acima de tudo o papel assumido pela igreja de Mossoró, representada pelo Pe. Mota, pároco de Santa Luzia e o Cônego Amâncio Ramalho, diretor do Ginásio Santa Luzia.

No livro de Tombo o pe. Mota escreve: “Este mês foi a freguesia assolada pela malta desabrida do célebre e terrível bandido Virgulino Ferreira, por alcunha ‘Lampião’”. E mais na frente comenta: “Nestas emergências, como era do meu dever de pastor, pôs-me à frente para a defesa da cidade e, com as autoridades, começamos a preparar as trincheiras, enquanto percorria as ruas acalmando as multidões para uma fuga mais ordenada. Foram momentos terríveis!... assim passamos a noite”.

Raul Fernandes, filho do prefeito Rodolfo Fernandes, conta em seu Livro “A Marcha de Lampião” (2005, p. 190 e 191) que Pe. Mota e acompanhado do Cônego Amâncio Ramalho esteve nas trincheiras animando os mossoroenses dizendo: “Coragem, rapaziada, a vitória é nossa!” e ao sair quando esteve com o prefeito, instantes antes do início do combate, confiante na vitória, entregou ao chefe da municipalidade um lembrança da padroeira da cidade dizendo: “Rodolfo, tome esta medalha de Santa Luzia. Lampião não vai entrar na cidade. Uma força superior me diz que ele será derrotado”.

Voltando ao livro de Tombo, Pe. Mota registra: “Dei o último percursos pelas trincheiras e ruas da cidade, recolhendo-me ao Ginásio, confiado em Deus, em nossa querida Santa Luzia, no glorioso Santo Antônio, que haviam de dar coragem aos nossos defensores. Importa dizer que cedi as torres das igrejas para nelas se fazerem trincheiras [...] às quatro e meia, uns trovões e logo, da torre esquerda da Matriz, rompeu o primeiro tiro, em direção da Capela do Alto da Conceição, onde apontavam os primeiros bandidos.

Corro à Praça da Matriz, mando tocar os sinos, como sinal de alarma, que foi correspondido pelas demais torres das igrejas; cerrou-se o tiroteio intenso, que durou até às 5 e meia da tarde, quando os bandidos, diante da fuzilaria cerrada de todos os cantos da cidade, fugiram espavoridos”.

Concluindo o registro no livro de Tombo, Pe. Mota escreve: “Não desertei, um só momento, do meu dever pastoral; estive como o povo todos estes dias de aflição e, graças a Deus, fiquei com a consciência tranqüila do dever cumprido. Na Matriz, cantou-se um ‘Te Deum’ de ação graças por termos saído ilesos do ataque dos bandidos, pois, é voz geral que foi um verdadeiro milagre de Deus, por intercessão de Santa Luzia e Santo Antônio, que nos livramos de tão grande flagelo”.

Obs.: A transcrição completa do registro feito por do Pe. Mota no Livro de Tombo da Paróquia encontramos no livro “PADRE MOTA” de Tomislav R. Femenick. (2007, p 102 a 104).

Nenhum comentário:

Postar um comentário